O título em epígrafe pertence a um romance extraordinário concebido em 1997 pela imaginação do mestre inequívoco José Saramago, e sua lembrança me foi evocada quando eu contemplei a interessante película que constitui a versão cinematográfica de outro romance, este denominado "The professor and the madman", cujo autor é Simon Winchester.
Tal filme narra a história da elaboração da primeira edição do titânico dicionário Oxford da língua inglesa, e o que mais me atraiu a atenção nele foi a forma em certa medida descentralizada mediante a qual esse repositório lexicográfico foi conduzido, a saber, com a participação ativa de cidadãos de todas as partes do assim designado "império britânico", os quais encaminhavam por carta, endereçada ao editor, suas contribuições letradas ao dicionário em construção.
Ocorreu-me então que a internet teria acelerado exponencialmente a confecção do dicionário, e tal ocorrência conduziu-me por seu turno a uma ideia que eu já suscitara no conto de minha autoria intitulado "Os plebiscitários", constante deste "blog", a saber, que, numa eventual futura sociedade comunista de economia planificada, todos os produtores e consumidores, todos os nomes conectar-se-iam via internet a uma inteligência artificial centralizada, responsável por coadunar oferta e demanda econômicas a nível mundial.
Neste caso, com quem está a palavra: o professor ou o "madman"?
(por LUIS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador)
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