Sugeri neste blog que o filme italiano “A grande beleza”, ao abordar a velhice, pretende-se filosófica e politicamente neutro, restando equidistante do marxismo e do catolicismo, duas forças sociais muito importantes na Itália.
O mesmo não acontece com o filme norte-americano “Nebraska”, do realizador Alexander Payne, também sobre a velhice, pois este é francamente anticapitalista.
Com efeito, o que vemos em “Nebraska” é uma película integralmente lapidada em preto e branco, o que parece realçar a abstração ínsita à forma dinheiro, esse dinheiro, supostamente auferido em um sorteio, tão almejado pelo idoso protagonista quanto inexistente e frustrador.
Nos Estados Unidos arruinado pela crise capitalista, os demais personagens do filme também só fazem cobiçar o escasso dinheiro, na vã tentativa de salvação individual, a despeito inclusive das relações de amizade e de família.
Mas o dinheiro não é a única coisa cobiçada: o automóvel exibe-se como a mercadoria por excelência, um símbolo de status social que parece encerrar o âmago, a saber, a essência de cada pessoa.
Enfim, “Nebraska” é um filme sobre a velhice como “A grande beleza” o é, mas quem ganhou o Oscar foi este último.
Algum palpite sobre os motivos disso?
(por LUIS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA)
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