A primeira hipótese, concisamente, consiste na ideia de que, em A ideologia alemã de Marx e Engels, em particular, enquanto houver divisão do mundo em classes sociais e em Estados nacionais, a "humanidade" somente pode ser um conceito vago e abstrato, ou seja, ideológico, sendo certo que sua realidade concreta, a saber, a da humanidade, somente será efetiva com o advento do comunismo em escala internacional, ou seja, com a extinção das classes sociais e também da divisão entre Estados nacionais.
Logo, o comunismo é que inaugura a humanidade em seu sentido prático e concreto, e os indivíduos deixarão de ser meros vetores de determinações estruturais do capital (vide a obra de Louis Althusser) para desfrutarem da verdadeira liberdade, uma liberdade também prática e concreta.
Nesse diapasão, o humanismo, no âmbito do materialismo histórico, é um humanismo histórico, prático e concreto, que divisa e peleja pela construção da verdadeira humanidade sob a égide do comunismo.
A segunda hipótese, de jaez epistemológico, consiste na ideia de que o materialismo histórico exibe uma transcendência prática, isto é, o advento da apreensão cognitiva da história da humanidade sob a perspectiva materialista, em particular no que pertine aos mecanismos lógicos da sucessão dos modos de produção, somente foi possível porquanto a superação da pré-história da humanidade, na acepção acima, tornou-se uma possibilidade concreta com o advento da classe proletária dominada pelo capital.
Destarte, ao sujeito cognoscente tornou-se possível superar a perspectiva do indivíduo e sua experiência empírica imediata, adstrita ao tempo de uma vida humana, para alcançar a lógica concreta e materialista do tempo histórico da humanidade, somente porquanto a própria possibilidade de superação histórica e prática do capitalismo e, portanto, da pré-história da humanidade tornou-se também real e efetiva com o advento do proletariado como classe despojada dos meios de produção.
São duas hipóteses em caráter bem embrionário à espera, respeitosamente, de contribuições e sugestões dos caros leitores.
(por Luis Fernando Franco Martins Ferreira, historiador).
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