segunda-feira, 29 de setembro de 2014

AINDA SOBRE CLÁSSICOS E NEOCLÁSSICOS.

Faz-se mister, outrossim, considerar a hipótese em que o decréscimo do preço de dado valor-de-uso, resultante da simples atuação da lei da utilidade marginal decrescente, determina novos parâmetros de valor radicados em renovação tecnológica do processo de produção, sendo certo que, nesse caso, é o preço que determina o valor e não o contrário. 

Aqui vislumbra-se uma espiral decrescente do preço desse valor-de-uso, a qual remanesce atuando até que a taxa de lucro torna-se irrisória e a oferta do produto cai, quando então se reinaugura novo ciclo desse valor-de-uso, ou um novo valor-de-uso do mesmo gênero, mas tecnologicamente superior, toma-lhe o lugar por torná-lo obsoleto. 

(por Luis Fernando Franco Martins Ferreira) 

       

sábado, 27 de setembro de 2014

ENTRE CLÁSSICOS E NEOCLÁSSICOS, OU SINGELO ELEMENTO PARA UMA TEORIA UNIFICADA DO VALOR ECONÔMICO.

De proêmio, remeto meus caros leitores aos meus artigos "Sobre valor e preço" (Revista Mouro n. 8, dezembro de 2013) e "Complementos ao meu artigo sobre valor e preço" (publicado neste blog aos 08 de agosto do corrente ano).

Dadas as premissas destes dois artigos (os quais se ancoram, por sua vez, no capítulo X do livro primeiro de "O capital" de Karl Marx), mister aduzir que a teoria clássica do valor-trabalho exibe-se apta à determinação do valor da mercadoria, enquanto a teoria neoclássica ou marginalista mostra-se hábil à determinação do preço da mesma mercadoria.

Nesse diapasão, o preço da mercadoria somente pode oscilar entre dois parâmetros ou margens, vale dizer, entre: 1) o valor socialmente vigente; e 2) o tempo de trabalho necessário para produzi-la em determinada planta fabril tecnologicamente pioneira e única, sempre menor do que 1, obviamente.

Assim, a taxa de mais-valia (relativa) oscila entre a magnitude máxima quando o preço é tendencialmente igual a 1 (primeira margem) e a nulidade quando o preço é tendencialmente igual a 2 (segunda margem). 

por LUIS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA.    
       

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

AINDA SOBRE OBSOLESCÊNCIA E VELOCIDADE DE CIRCULAÇÃO DE CAPITAL

A revista Veja desta semana publicou um artigo muito interessante sob o título "Como a inovação cresce na pobreza", incluindo dados bastante significativos que corroboram, grosso modo, algumas de minhas conjecturas econômico-diletantes já veiculadas neste blog. 

Com efeito, dos dados mostrados pela Veja no artigo supramencionado podemos dessumir, por exemplo, que ferrovias, automóveis e aviões (valores-de-uso oriundos de revoluções tecnológicas mais remotas) estão sendo substituídos, em certa medida, pela internet, pela telefonia celular e pelos drones, valores-de-uso mais atuais, fato que corrobora a hipótese da obsolescência como necessidade intrínseca ao capital, afora exibir certa tendência à imobilização dos indivíduos pela desnecessidade de deslocamentos.   

No mesmo diapasão, podemos dessumir, dos dados publicados pela Veja, que a necessidade de arrostar a lei tendencial de decréscimo da taxa de lucro, formulada por Karl Marx, por intermédio dos dispositivos que aumentam a velocidade de circulação do capital parece procedente, pois as revoluções tecnológicas fazem disseminar mais rapidamente as mercadorias, cujos novos valores-de-uso, por seu turno, também servem para acelerar o processo de circulação.

Remeto, pois, os meus caros leitores ao artigo de minha autoria publicado neste blog no último dia 16 de setembro, para que possam cotejar as conjecturas nele veiculadas com o artigo da revista Veja ora em comento. 

Grato pela leitura, 

Luis Fernando Franco Martins Ferreira.  

    

        

terça-feira, 23 de setembro de 2014

ENTRE O AUTISTA E O ESQUIZOFRÊNICO: CONJECTURA LEIGA SOBRE O TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR.

Na qualidade de leigo no assunto, tenho uma hipótese:

O autista não estabelece relações afetivas, enquanto o esquizofrênico estabelece relações afetivas imaginárias: o bipolar é um autista que, ao tentar estabelecer relações afetivas, torna-se um esquizofrênico.

(por LUIS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA) 

     

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

MAIAKÓVSKI

Talvez a arte ainda seja, hodiernamente, o último bastião onde o caráter daquilo que é humano litiga contra o anti-humanismo do capital, impedindo que nos transformemos em meros vetores de suas determinações estruturais. É por isso que Louis Althusser estava, em nosso sentir, apenas parcialmente correto. Mas os fundadores do socialismo científico estavam completamente corretos quando asseveravam que a revolução deve extrair sua poesia do futuro, e não do passado, e aqui devemos entoar loas e encômios ao grandiloquente Vladimir Maiakóvski.

(por Luis Fernando Franco Martins Ferreira)  

        

terça-feira, 16 de setembro de 2014

CONJECTURAS SOBRE CAPITAL, OBSOLESCÊNCIA E UNIVERSALIDADE.

CONJECTURAS SOBRE CAPITAL, OBSOLESCÊNCIA E UNIVERSALIDADE.

1. O livro primeiro de “O Capital” de Karl Marx é lastreado na primeira revolução tecnológica, a saber, aquela do século XVIII na Inglaterra, a qual transformou radicalmente o processo de produção sem, no entanto, criar novos valores-de-uso, ou novas necessidades humanas, quedando adstrita basicamente à indústria têxtil, o que somente foi possível em razão da reduzida composição orgânica do capital verificada anteriormente a tal revolução industrial.

2. As revoluções tecnológicas ulteriores, ao contrário, partindo de uma composição orgânica do capital já quantitativamente importante, transformaram não apenas o processo de produção, mas também o de circulação de capital, criando novos valores-de-uso, a saber, novas necessidades humanas.

3. A necessidade de revolucionar também o processo de circulação de capital advém da necessidade de se arrostar e contrapor à queda tendencial da respectiva taxa de lucro, verificada com o aumento de sua composição orgânica.

4. Tal contraposição à lei de tendência de baixa da taxa de lucro realiza-se por: 4.1. Maior velocidade de circulação de capital, com decorrente aumento da massa de mais-valia no mesmo lapso temporal; 4.2. Contínua obsolescência dos valores-de-uso já estabelecidos e criação também contínua de novos valores-de-uso, com abertura de novos mercados para novos produtos.

5. Em relação a 4.2, as inovações tecnológicas dos valores-de-uso devem exibir o atributo da universalidade, pois o capital necessita de uma expansão tendencialmente infinita dos mercados de novos produtos, como forma de realização da mais-valia relativa, consoante preconizado no capítulo X do livro primeiro de “O Capital”.

6. Os novos valores-de-uso devem atender aos critérios de: 6.1. criar novas necessidades humanas universais e, portanto, abrir novos mercados para novos produtos, tornando obsoletos antigos produtos; 6.2. aumentar a velocidade de circulação do capital.

7. Os critérios de 6 restringem cada vez mais as possibilidades de renovação do capital, de que resulta que o sistema capitalista como um todo vai paulatinamente esgotando suas alternativas de reprodução, gerando crises.

(por LUIS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA)