CONJECTURAS SOBRE CAPITAL, OBSOLESCÊNCIA E UNIVERSALIDADE.
1. O livro primeiro de “O Capital” de Karl Marx é lastreado na primeira revolução tecnológica, a saber, aquela do século XVIII na Inglaterra, a qual transformou radicalmente o processo de produção sem, no entanto, criar novos valores-de-uso, ou novas necessidades humanas, quedando adstrita basicamente à indústria têxtil, o que somente foi possível em razão da reduzida composição orgânica do capital verificada anteriormente a tal revolução industrial.
2. As revoluções tecnológicas ulteriores, ao contrário, partindo de uma composição orgânica do capital já quantitativamente importante, transformaram não apenas o processo de produção, mas também o de circulação de capital, criando novos valores-de-uso, a saber, novas necessidades humanas.
3. A necessidade de revolucionar também o processo de circulação de capital advém da necessidade de se arrostar e contrapor à queda tendencial da respectiva taxa de lucro, verificada com o aumento de sua composição orgânica.
4. Tal contraposição à lei de tendência de baixa da taxa de lucro realiza-se por: 4.1. Maior velocidade de circulação de capital, com decorrente aumento da massa de mais-valia no mesmo lapso temporal; 4.2. Contínua obsolescência dos valores-de-uso já estabelecidos e criação também contínua de novos valores-de-uso, com abertura de novos mercados para novos produtos.
5. Em relação a 4.2, as inovações tecnológicas dos valores-de-uso devem exibir o atributo da universalidade, pois o capital necessita de uma expansão tendencialmente infinita dos mercados de novos produtos, como forma de realização da mais-valia relativa, consoante preconizado no capítulo X do livro primeiro de “O Capital”.
6. Os novos valores-de-uso devem atender aos critérios de: 6.1. criar novas necessidades humanas universais e, portanto, abrir novos mercados para novos produtos, tornando obsoletos antigos produtos; 6.2. aumentar a velocidade de circulação do capital.
7. Os critérios de 6 restringem cada vez mais as possibilidades de renovação do capital, de que resulta que o sistema capitalista como um todo vai paulatinamente esgotando suas alternativas de reprodução, gerando crises.
(por LUIS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA)
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