SOBRE O FILME “A GRANDE BELEZA”, DE PAOLO SORRENTINO.
O cineasta napolitano Paolo Sorrentino tem quarenta e poucos anos, mas aborda a velhice com bastante delicadeza em seu filme “A grande beleza”.
Nessa obra ele dialoga tanto com as religiões quanto com o marxismo, vistos como duas formas antípodas da mesma crença na transcendência.
Em geral, as religiões abroquelam a transcendência mediante a crença em vidas distintas da vida neste mundo, ao passo que o marxismo acredita em um futuro melhor neste mesmo mundo.
Mas o fato é que tanto as religiões quanto o marxismo exibem esse aspecto transcendental, porquanto ambos oferecem-nos uma outra vida, uma outra oportunidade, seja, no primeiro caso, para nós mesmos; seja, no segundo, para as gerações vindouras.
Não me convence, contudo, a hipótese de que esta obra de Sorrentino seja anticomunista ou contra qualquer religião, não se trata disso.
Cuida-se, tão somente, de olhar para esta nossa vida aqui, individual e presente, que acaba irrefragavelmente com a morte, haja ou não outras vidas por aí.
Quando chega a velhice e esta vida aqui está por acabar, quando estamos mais próximos da despedida, a coisa toda pode ficar um tanto deprimente, e as estátuas e monumentos legados do passado apenas nos fazem lembrar que não há apelação contra a morte.
(por LUIS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA)
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