terça-feira, 11 de novembro de 2014

"A GRANDE BELEZA"

SOBRE O FILME “A GRANDE BELEZA”, DE PAOLO SORRENTINO.

O cineasta napolitano Paolo Sorrentino tem quarenta e poucos anos, mas aborda a velhice com bastante delicadeza em seu filme “A grande beleza”.

Nessa obra ele dialoga tanto com as religiões quanto com o marxismo, vistos como duas formas antípodas da mesma crença na transcendência.

Em geral, as religiões abroquelam a transcendência mediante a crença em vidas distintas da vida neste mundo, ao passo que o marxismo acredita em um futuro melhor neste mesmo mundo.

Mas o fato é que tanto as religiões quanto o marxismo exibem esse aspecto transcendental, porquanto ambos oferecem-nos uma outra vida, uma outra oportunidade, seja, no primeiro caso, para nós mesmos; seja, no segundo, para as gerações vindouras.

Não me convence, contudo, a hipótese de que esta obra de Sorrentino seja anticomunista ou contra qualquer religião, não se trata disso.

Cuida-se, tão somente, de olhar para esta nossa vida aqui, individual e presente, que acaba irrefragavelmente com a morte, haja ou não outras vidas por aí.

Quando chega a velhice e esta vida aqui está por acabar, quando estamos mais próximos da despedida, a coisa toda pode ficar um tanto deprimente, e as estátuas e monumentos legados do passado apenas nos fazem lembrar que não há apelação contra a morte.

(por LUIS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA)

Nenhum comentário:

Postar um comentário