domingo, 25 de junho de 2017

MOONLIGHT

É preciso que a vertente publicação adquira brevíssima magnitude, pois há coisas inefáveis. 

É o caso do filme de Barry Jenkins, do título em epígrafe, galardoado com o Oscar de melhor filme deste ano. 

Ele conta a história de um traficante afrodescendente homossexual de Miami, extraindo poesia lancinante ao retratar a periferia da periferia do centro do capitalismo. 

Com efeito, não há muito o que comentar do filme, apenas verter lágrimas copiosas ao assisti-lo. 

(por Luis Fernando Franco Martins Ferreira, historiador)     

   

segunda-feira, 19 de junho de 2017

PROVOCAÇÕES MARXISTAS

Hipóteses bem incipientes para discussão no âmbito marxista:
1) a força de trabalho não é fruto do trabalho humano, portanto não exibe valor e não pode ser vendida como mercadoria;
2) nada garante que o valor produzido durante a jornada de trabalho seja superior ao valor das mercadorias que compõem as necessidades diárias de produção e reprodução da força de trabalho.
De 1 e 2 dessume-se que:
3) a mais-valia absoluta só pode decorrer da diferença entre o preço pago pelo capitalista ao trabalhador assalariado pelas mercadorias que este produz, isto é, o salário, e o valor efetivo destas mercadorias, sendo certo que o preço pago, o salário, é menor que o valor efetivo das mercadorias produzidas pelo trabalhador assalariado.
4) A diferença entre preço (salário) e valor, de que resulta a mais-valia absoluta, deriva da propriedade privada dos meios de produção e do exército industrial de reserva, que pressionam o salário para baixo.
5) O constante desenvolvimento técnico do capitalismo deriva da necessidade de incrementar o exército industrial de reserva para pressionar para baixo os salários.
São conjecturas bem incipientes para discussão, obrigado.
(por Luis Fernando Franco Martins Ferreira, historiador)

quarta-feira, 14 de junho de 2017

BREVES LINHAS SOBRE O REALISMO FANTÁSTICO.

Permitam-me efetuar uma brevíssima digressão sobre o assim designado "realismo fantástico". 

Ele parece-me, em boa medida, caudatário, assim como a filosofia de Popper e a psicanálise de Freud, do cartesianismo clássico, consoante o qual o único indício de que existo consiste no fato de que ouço meus próprios pensamentos: nesse diapasão, temos acesso a uma única realidade, a saber, o nosso próprio pensamento, o resto é incógnita.

Por outro lado, a própria locução "realismo fantástico" encerra uma contradição em termos: deveras, o romance ficcional não tem nada de realista, ele é pura invenção, pura fantasia, conquanto procure mimetizar, em certa medida, a "realidade".

A literatura de ficção do "realismo", destarte, abriu as portas, paradoxalmente, ao realismo fantástico, tendo mesmo como corolário a literatura qualificada como "do absurdo", cujos expoentes mais destacados são, ao que me parece, Kafka, Beckett e Ionesco. 

Mas deixo uma provocação: Descartes, Popper, Freud e outros, embora racionalistas e, portanto, avessos ao empirismo, acreditavam na ciência e em certa verdade que ela possa alcançar. 

Será que o elemento "fantástico" da literatura ou do pensamento não é tributário e devedor da realidade empírica, de onde ele haure sua inspiração?

(por Luis Fernando Franco Martins Ferreira, historiador)