segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

POR UMA NOVA ÉTICA.

Max Weber estabeleceu de forma duradoura a conexão entre a ética protestante e o espírito do capitalismo, ao passo que Karl Marx evidenciou que tal conexão deriva diretamente de relações de produção alienadas, as quais encerram no lucro do capital o objetivo primordial da sociedade moderna, ou seja, o lucro, para tais autores, representa o valor moral mais elevado da sociedade capitalista. Eis a ética do capital: valorização de valor, vale dizer, obtenção de mais-valia e lucro.

Por óbvio, cuida-se de ética alienada, imposta aos indivíduos por relações de produção que eles contraem entre si de forma heterônoma, ou seja, a despeito e mesmo contra a sua vontade. 

Friedrich Nietzsche estava certo ao suscitar a necessidade de uma nova ética, o que denominou "transvaloração de todos os valores", ao identificar a metafísica platônico-cristã como responsável por submeter os homens a certa moral infensa à sua mais recôndita e verdadeira natureza, mas descurou de estabelecer, por assim dizer, as condições materiais para essa nova moral, já que as relações de produção alienadas do capitalismo e a decorrente divisão entre classes sociais antagônicas limitam a "humanidade" a um conceito vago e abstrato. 

Mister, pois, suplantar a alienação capitalista e sua divisão entre classes sociais antagônicas para que exsurja uma humanidade concreta, real e prática, condição inafastável de uma nova ética humana, demasiado humana. 

(por Luis Fernando Franco Martins Ferreira)                
    

Um comentário:

  1. Tenho refletido cada vez mais, camarada, se a descoberta fundamental de Marx tem ficado cada vez mais longe no horizonte da humanidade. A superação da alienação capitalista e a extirpação dos antagonismos de classe são realmente possíveis?
    A ética capitalista com todo seu pseudo-humanismo e a crença na democracia universal são passíveis de serem superadas apenas através do exercício político ou do enfrentamento armado?
    Isso me lembra um dilema de James Madison (um dos pais da democracia americana) que diz que os federalistas escolheram a democracia simplesmente por este modo político ser o mais eficiente para proteger os proprietários de terras da pressão redistributiva dos pobres.
    Enquanto esta tensão e crença numa democracia universal continuar a ser endeusada tanto por liberais quanto por radicais, não vejo por onde a "nova ética" como pretendia Friedrich Nietzsche pode ser implantada.

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