quinta-feira, 21 de agosto de 2014

OUTRAS CONJECTURAS SOBRE HISTÓRIA ECONÔMICA E PLANIFICAÇÃO

1) A contradição ínsita à forma mercadoria, nomeadamente entre seu valor (aspecto abstrato, “gelatina” de trabalho abstrato, indiscriminado) e seu valor-de-uso (aspecto concreto, apto a satisfazer necessidades humanas), desdobra-se na contradição entre o processo de produção e o processo de circulação de capital.

2) Quanto ao primeiro processo, interessa apenas o aspecto abstrato da mercadoria, a saber, a produção de mais-valia, a valorização de valor abstrato.

3) Quanto ao segundo processo, interessa a realização da mais-valia, a saber, sua concretização pela venda da mercadoria, o que enseja o reinício do ciclo do capital. Ora, aqui interessa o valor-de-uso da mercadoria, sua aptidão para satisfazer necessidades humanas concretas.

4) Bem, a primeira Revolução Industrial, na década de 1770 na Inglaterra, afetou basicamente o primeiro processo, aquele de produção de capital, sem criar novas necessidades humanas concretas, sendo certo que a indústria têxtil, já então existente, foi revolucionada em seu processo de produção.

5) Duzentos anos depois, nos Estados Unidos da América, uma nova revolução industrial, nomeadamente a revolução informática, passa a afetar também e principalmente o processo de circulação de capital, aquele atinente ao valor-de-uso da mercadoria, isto é, seu aspecto concreto, pois não apenas acelerou este processo de circulação, mas também criou novas necessidades humanas concretas, como o uso de computadores, celulares, tablets, etc.

6) Tal revolução informática derrotou fragorosamente a expansão econômica dos países de planificação socialista lastreada no aspecto abstrato da mercadoria, a saber, no processo de produção de capital, na medida em que revolucionou precisamente o processo de circulação de capital, onde se divisa o aspecto concreto da mercadoria, seu valor-de-uso, afora engendrar novas necessidades humanas, novos valores-de-uso.

7) O desafio hodierno consiste, pois, em suplantar a crise mundial do capitalismo mediante uma planificação econômica em que se divise o processo de circulação das mercadorias e seu aspecto concreto de valor-de-uso, o que já se delineia de forma embrionária e incipiente nos sítios de comércio eletrônico, como Amazon e Alibaba, que permitem obter um panorama e um mapeamento mais ou menos fiéis da realidade concreta da oferta e demanda de mercadorias como valores-de-uso.

(Por LUIS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA)

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